Melhores discos de 2022
Fabricio C. Boppré |Imagem principal:

Crédito(s): foto de autor desconhecido, copiada daqui.
Texto:
Andei pensando muito seriamente em aumentar para 28 o número de discos eleitos meus favoritos de cada ano, porém, verificando que a troca dos sete originais para os atuais 14 se deu em 2016, isto significaria — antecipando que de seis em seis anos eu me veria tentado, ou condenado, a dobrar o número — significaria que no ano 2322 eu teria que escolher 3.1525197e+16 (aproximadamente três seguido de 16 zeros) discos, e este tanto eu acho que ficaria um pouco difícil. O problema é que me vi diante de escolhas muito cruéis: como deixar de fora o sensacional Ghosted, do trio Oren Ambarchi, Johan Berthling e Andreas Werliini? E o último disco do The Comet Is Coming? E este lindíssimo Languoria? Consola-me alguma coisa citá-los dessa forma, assim meio dissimulada, “os discos que lamentavelmente tive que excluir da lista mas não posso deixar de mencionar”, e poderia citar ainda mais alguns (o novo do Warpaint, que dó deixá-lo de fora!), mas deixemos assim que é para não abusar da trapaça. O disco do Big Thief, como escrevi por aqui ao longo do ano, é um pequeno milagre, e só não digo que é o meu favorito dentre todos porque está aí na lista o Resist do Midnight Oil, banda que, como vocês sabem, é para mim assunto de ordem muito particular e sentimental, algo costurado na tessitura de minha vida de um modo que de nenhuma outra banda ou artista eu posso dizer coisa sequer parecida. E não apenas isso: até onde me é possível julgar de forma imparcial — e corroborado por algumas outras opiniões que li aqui e ali — Resist é de fato um ótimo disco (ainda que provavelmente algo antiquado para os ouvidos das gerações educadas pela Pitchfork e pelo Spotify), um dos melhores do Oil, insurretos (banda e álbum) e emocionantes até o fim. Outro disco que me comove bastante é Audiotherapy, do neozelandês Roy Montgomery, mas para este pretendo elaborar algumas ideias em um outro post. O heavy metal, em minha lista final, está muito dignamente representado com Chat Pile, Kreator, Wormrot, Devil Master e Festung; a música clássica, pela primeira vez em anos, não tem nenhum representante na lista (Sarah Davachi roça no mundo erudito, mas certamente não da maneira mais tradicional), o que não quer dizer que eu não a tenha escutado, muito pelo contrário: não apenas escutei como fui salvo por ela uma e outra vez ao longo do ano. Não foi, em todo o caso, a tônica de 2022, cujo lento e angustiante avançar e aproximar-se de seu termo foi me dando ganas, cada vez mais, de ouvir música elétrica, música barulhenta, música de rebelião. O que foi este 2022? Céus, eu nem saberia por onde começar… E nem vou começar. Feliz 2023. Com genuína crença, desta vez, de que este desejo pode de fato concretizar-se.
Meus discos favoritos de 2022, ordenada alfabeticamente pelo nome da banda ou artista:
- Big Thief - Dragon New Warm Mountain I Believe In You
- Carpenter Brut - Leather Terror
- Chat Pile - God's Country
- Devil Master - Ecstasies Of Never Ending Night
- Festung - Der Turm
- Horsegirl - Versions Of Modern Performance
- Jenny Hval - Classic Objects
- Kreator - Hate Über Alles
- Midnight Oil - Resist
- Roy Montgomery - Audiotherapy
- Sarah Davachi - Two Sisters
- Shabaka - Afrikan Culture
- The Smile - A Light for Attracting Attention
- Wormrot - Hiss
Comentários:
Não há nenhum comentário.
(Não é mais possível adicionar comentários neste post.)