Umas linhas sobre o Neil Young

Texto:

Tenho ouvido este Fork in the Road, do Neil Young, e achado o disco meia-boca. Nesses últimos 10 anos, Young tem errado mais do que acertado em seus discos de inéditas, acho difícil que alguém conteste isso. Os discos ao vivo que saem com frequência eu costumo achar legais, mas eles não entram na conta, é lógico. Mas enfim, o cara é um mestre, tem crédito, e não chega a lançar discos medíocres, repetitivos --- apenas menos inspirados. Ouvindo-os, eu ainda consigo acreditar no trabalho dele, não me passam a sensação desagradável que o último do Cure me passou, por exemplo. Bem subjetivo, difícil de explicar, mas é assim mesmo.

Mas eu queria chegar numa lembrança de uns anos atrás, quando li uma crítica na revista Veja sobre um disco então recém-lançado pelo Young, não lembro se era o Are You Passionate? ou o Greendale. O que me irritou não foi nem a crítica em si --- ambos os discos são mesmo fraquinhos --- mas um certo teor preconceituoso, manifesto no sublinhamento da circunstância aleatória de que o disco ruim fora lançado por alguém, digamos, de mais idade. Não lembro se algo nessa linha estava explicitamente escrito (seria bem politicamente incorreto, não?), mas era a conclusão que se obtia ao ler o texto tosco do cara, confiando em seu julgamento. Para finalizar, o sujeito então se achou na condição de sugerir que Young deveria se aposentar, e se não me falha a memória, estendeu o conselho a David Bowie. Bom, nem vou me estender discutindo o raciocínio do cara, apenas recordo que pouco tempo depois, no lançamento do lindo Prairie Wind, me lembrei desse textinho, e foi com satisfação que eu pensei que o jornalista lá deve ter pelo menos aprendido uma lição.

Em tempo: foi ontem o lançamento do primeiro volume da Neil Young Archives, que cobre o período de 1963 a 1972.

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