Dying Days
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Discos do mês - Novembro de 2021

Fabricio C. Boppré |
Discos do mês - Novembro de 2021

The Gathering - Nighttime Birds

"The frost hits me in the eye, and wakes me, a-waaaaakes me… These are blury winters, and I cannot see… ” Há quanto tempo eu não escutava a esta música do The Gathering! Foram incontáveis as vezes em que dei play na fita gravada com este disco que eu tinha lá pelo fim dos anos 90, época em que algumas bandas provindas da Europa boreal vinham temperando com neve e mitologia nórdica o cenário da música pesada, e não me refiro aos malucos niilistas (quando não assassinos e racistas) do Mayhem, Burzum, entre outros, mas sim à turma mais simpática e calorosa do Amorphis, Tiamat, Katatonia e The Gathering (finlandeses, suecos, suecos de novo e holandeses, respectivamente). Eu gostava muito de todas estas bandas — gosto ainda, a julgar pelo arrepio que senti quando dia desses escutei a esta On most surfaces, a faixa de abertura de Nighttime Birds, o quarto disco do The Gathering e segundo a contar com Anneke van Giersbergen como vocalista. A atuação de Anneke nesta faixa — em particular, nesta frase inicial que transcrevi acima — é um destes breves instantes de música que podem sozinhos, em seus ao mesmo tempo escassos e imensos 10 segundos, iniciar e justificar pelo resta da vida a paixão de alguém por discos e bandas. (Mas devo dizer que prefiro On most surfaces na versão ao vivo presente no disco Superheat, onde a voz de Anneke soa mais alta e mais potente; a canção como um todo, de fato, ganha corpo e vigor incomparavelmente maiores nesta versão ao vivo, mais intensa e exuberante. É uma destas composições que embora seja muito boa desde o início, parece destinada a realizar-se plenamente sobre um palco. A banda está, portanto, desculpada por ter deixado a voz de Anneke algo distante e soterrada na versão gravada no estúdio.)

Patricia Kopatchinskaja & Camerata Bern - Time & Eternity

A frequência com que escuto aos discos de Patricia Kopatchinskaja é tamanha que não demora muito e serei capaz de soletrar de cor o sobrenome dela. Este Time & Eternity, gravado junto à Camerata Bern, é um dos meus favoritos. Adoro a atmosfera grave e hierática do álbum, descontinuada algumas poucas vezes por cantos e recitações vindos (em sua maioria) de tradições populares do leste europeu, breves interlúdios vocais que conferem à obra uma coloração sépia e aprofundam sua aura reverente, espiritual. Continuo acorrentado àquele estado de espírito descrito no post do mês passado, que faz com que a imensa maioria de minhas audições seja de música pesada e heavy metal, e este disco, embora possa parecer, na verdade não é uma ruptura disto: em muitos momentos a intensidade e a atmosfera de sua música fazem com que a maioria dos discos de metal soe pouco mais do que bobagens adolescentes. Além disso, em se tratando de músicos que gostam de pintar o corpo, ao menos Patricia não faz o papel ridículo de levar tal coisa muito a sério.

Tangerine Dream - Canyon Dreams

Não, este disco não é nenhum Phaedra, mas eu gosto bastante dele mesmo assim. É Tangerine Dream fase anos 80, fase vamos-gravar-uma-trilha-sonora-por-semana; e é muito bom. Talvez diante de algumas de suas músicas ou trechos de músicas você pense “eu já ouvi isso antes”, e mesmo que não tenha ouvido, de certo modo você terá razão pois o que você provavelmente escutou foi alguma das milhares de bandas e artistas que beberam ou copiaram da inesgotável fonte de música inventada pelo Tangerine Dream.

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