Discos do mês - Março de 2024
Fabricio C. Boppré |Imagem principal:
Crédito(s): Le Mystère Des Voix Bulgares em foto de Svetlana Bekyarova.
Texto:
Notas ligeiras sobre algumas das minhas últimas audições, para não perdermos o hábito: março marcou o ingresso do segundo CD do Judas Priest em minha coleção, o British Steel (o primeiro foi o Sad Wings of Destiny). Foi-se o tempo em que Judas Priest me soava (e, principalmente, me afigurava) constrangedor tal qual o Kiss, o Manowar, o Dominó; hoje apresento-me como fã de carteirinha de Rob Halford e cia. e o faço sem reserva alguma — no máximo, eventualmente, um leve sorriso de canto de boca, desses de quem já não se leva muito a sério, já não tem vergonha de rir de si mesmo. Este CD comprei novo, paguei R$ 40,00, e vale cada centavo: British Steel é bom demais, acho até que destronou o Painkiller da posição primeira do meu ranking de favoritos do Priest. Agora verdadeiro achado mesmo foi uma edição norte-americana do disco que apresentou o Le Mystère Des Voix Bulgares ao mundo, que encontrei em um sebo por vintão. Se não me engano, meu primeiro contato com a música mágica deste grupo vocal feminino se deu através da trilha-sonora de um documentário do Werner Herzog (não lembro qual). À margem das convenções, as búlgaras têm alma folk, mas também certa circunspecção erudita, ou alguma outra coisa difícil de precisar, a meio caminho entre uma coisa e outra… Ou completamente externa a ambas. E por isso, por essa genuinidade pura e radical que nem sequer a gravação de suas vozes em um estúdio parece poder conspurcar, é por isso que sua música soa tão especial, tão encantadora. Guardei-as ali ao lado do meu Glassworks — é onde elas merecem estar. Falando em música de difícil classificação: o último álbum da polonesa Hania Rani, Ghosts, também propõe esse tipo de desafio ao ouvinte, também solicita que seja escutado como que por ouvidos novos, destituídos de preconceitos e aprendizados. Quem o fizer, fará um bem a si mesmo. (Se alguém me dissesse que morrer significa ir para um lugar onde Whispering House e The Boat tocam continuamente, para sempre, eu morreria agora mesmo.) Finalizando: serei o única fã do Sunn O))) a considerar o Flight of the Behemoth o melhor disco da banda? Sim, melhor até mesmo que o Black One. Há uns efeitos, uns pianos dissonantes (ou algo parecido), uns fins e recomeços abruptos neste disco que são puro pesadelo apavorante. Não recomendo escutar muito tarde da noite, no escuro, sozinho…
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