Dying Days
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In a glass full of jelly

Fabricio C. Boppré |
In a glass full of jelly

Um comentário que não quer esperar, sobre o Good God’s Urge, o segundo e (por enquanto) último disco do Porno for Pyros. Lançado em 1996, esse é um daqueles álbuns que eu amo tão profundamente, ele me é tão próximo ao coração — cada uma de suas músicas como um recanto sagrado de retiro e restauração — que não há muito o que eu possa elaborar e descrever por meio desse instrumento limitado que é a linguagem, mas há algo que eu queria dizer mesmo assim, e é sobre a voz de Perry Farrell. Apesar de ser um devoto fanático do Jane’s Addiction (possivelmente o mais próximo que eu tive de uma religião em toda minha vida), Good God’s Urge me parece ser o disco que Perry nasceu para fazer; foi aqui que esta sua voz tão peculiar encontrou a moldura mais natural, as canções e os arranjos perfeitos: todos aqueles violões e sons da natureza, de pássaros e de ondas, de música feita na beira da praia e sob a inspiração da lua do Tahiti e da luz matinal de Bali etc. — é em meio a esse cenário azul-ensolarado e verde-aromático, num compasso lânguido de sossego e harmonia, que Perry soa como que em seu lar definitivo, enfim o momento e o local para uma libertação tão penosamente perseguida e tantas vezes adiada antes de ser finalmente alcançada, enfim o momento e o local onde ele poderia novamente mudar de nome — antes de Perry ele já fora Peretz Bernstein, o nome que seus pais lhe deram, e agora ele poderia ter apenas um breve e bem-humorado apelido oriental qualquer, ou mesmo nome algum, e assim deixar-se estar para sempre —, e esse lugar, para nós outros todos, é uma música de textura rica e variada cujos melhores momentos têm esse efeito de bálsamo para ser desfrutado nos domingos de manhã cedo, que é o que fazemos frequentemente aqui em casa, enquanto bebericamos vagarosamente nosso chá, não raro o primeiro e o único disco do dia todo, para que passemos o resto do fim de semana sob seu doce feitiço. Acho que me ocorre apenas um outro álbum que tenha esse status aqui para nós — o Laughing Stock, do Talk Talk. Bem, sei que “esse status" não deve significar lá grande coisa para quem quer que esteja me lendo… Porém, aqui no universo circunscrito de nossa casa, significa muitíssimo — talvez seja até mesmo o maior dos elogios que podemos dedicar a qualquer um dos nossos discos mais queridos.

Categoria(s): Opinião

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