Dying Days
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Discos do mês - Outubro de 2025

Fabricio C. Boppré |
Discos do mês - Outubro de 2025

Crédito(s): imagem de autor desconhecido, copiada daqui.

Quando outubro terminou eu mal havia percebido que tinha começado. Onde foram parar aqueles 31 dias? Por qual ralo escoaram? Não vi quase nada. Mas lembro de um e outro disco escutado. Optei, quase sempre, por heavy metal, dado que, não obstante estar permanentemente cansado e atarefado, eu espreitava a proximidade do Dia das Bruxas. Não me importa saber se o Halloween é uma festividade importada, uma imposição cultural imperialista, um golpe de marketing. Muito provavelmente é isto tudo. Mas o fato é que adoro o Halloween, adoro as origens remotas da comemoração, as crianças fantasiadas, todo o clima que se instaura nesta noite encantada. Adoro os filmes e também, é claro, as músicas do King Diamond. Halloween é o meu Natal — este sim um feriado para o qual não dou muito bola (além do que, em Florianópolis, no Natal quase sempre chove, o que nos impede de fazer o que de melhor se pode fazer em uma ilha em pleno fervor de verão: ir para a praia). Mas, retomando, deste pouco que me lembro do mês findo está o fato de que tornei-me fã declarado desta banda de nome singular, Sanguisugabogg. Eu já tinha escutado ao Homicidal Ecstasy (os rapazes não poupam sutileza antes de dar nome às coisas) e por conta deste disco sabia que o 'Bogg era outro dos destaques da opulenta safra death metal de anos recentes, ao lado de nomes como Gatecreeper, Skeletal Remains, 200 Stab Wounds e Creeping Death. Uma claque e tanto! Admito que posso eventualmente confundir o disco de uma destas bandas como sendo de outra, mas não importa: death metal é estado de espírito, é comunhão via labor manual, é fraternidade. Ninguém está preocupado em soar melhor do que ninguém. Mas o disco que o Sanguisugabogg soltou há pouco, Hideous Aftermath, para mim os coloca na liderança desta classe operária. Aposto que todas as resenhas irão mencionar a faixa Repulsive Demise por conta de sua sonoridade industrial à moda Godflesh, mas ela está longe de ser a melhor coisa do álbum. O que vem antes e depois é superior, é death metal impecável que se esmera em riffs e passagens não-triviais — sem, no entanto, abusar e adentrar o cansativo território do "technical death metal" — e se beneficia — aqui, sim, sem nenhum comedimento na técnica e no arrojo — de um baterista que é um prodígio, um colosso. O trabalho de percussão neste disco é algo realmente excepcional, soa muitas vezes como uma multidão de mãos multiplicando sinais cifrados, um código comunitário de alerta para alguma catástrofe eminente. Vale a pena prestar atenção a este detalhe, por mais que o rolo compressor das guitarras de baixa afinação esteja sempre à frente. Com Hideous Aftermath, o Sanguisugabogg não é mais apenas a banda de nome mais peculiar da turma; eles são o Morbid Angel desta geração. Algumas outras audições das quais me lembro, que vale a pena deixar anotadas aqui para minha rememoração futura: uma versão remasterizada do Load do Metallica, com dois CDs bônus. Load é lendário pelos motivos errados, um dos discos mais detestados de todos os tempos, e eu continuo adorando-o intransigentemente. Pain Is Beauty, de Chelsea Wolfe: que disco magnífico. É metal sem precisar de urros ou de guitarras pesadas; é melhor do que metal. O trecho final com The Waves Have Come e Lone é arrasador. E, por último, o novo disco do Hooded Menace: Lachrymose Monuments Of Obscuration não poderia ser nada menos do que sensacional. Minha atual banda de metal favorita — dividindo a honra com o Tribulation, mas talvez um palmo à frente desta agora — não me decepcionaria. E foram estas minhas companhias sonoras mais dignas de nota em outubro, além do Schubert mencionado no post anterior. Passado o Halloween, por aqui estamos agora em modo de espera pelo verão, estação que costuma arejar um pouco minhas audições. Death metal sob 40 graus de temperatura, combinemos, não é lá grande prospecto.

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