Impressões auditivas, Vol. III
Fabricio C. Boppré |Imagem principal:

Crédito(s): Acid Mothers Temple em fotografia copiada deste site (sem créditos).
Texto:
- O rumor do mar noturno (uma forma de ouvir): resquício antigo e duradouro do lento iniciar da vida. Lembrete perene do que nos trouxe até aqui: uma enorme paciência.
- Uma nota sobre um disco do Lightning Bolt, Hypermagic Mountain: tem alguma coisa de intrigante nesse título, no arranjo dessas duas (ou três) palavras, que eu não consigo situar bem… Talvez por fazer menção direta a algo que não é o aspecto mais famoso da música desta banda, que é uma espécie de ultra-psicodelia? Suponho que não seja nesses termos que as pessoas pensem no Lightning Bolt; é provável que eu esteja completamente equivocado. Mas outros títulos da banda remetem a isso: Wonderful Rainbow, Earthly Delights… É um vocabulário rico e colorido que encontra uma exótica congruência com o som produzido pelo rigoroso e limitado arsenal da dupla: baixo, voz e bateria. Talvez nada disso: apenas um astuto uso de palavras e o poder da sugestão.
- Teria sido melhor não começar a escutar ao Acid Mothers Temple. Eu tinha uma intuição sobre isso, mas acho que era uma daquelas fracas demais para se impôr, uma voz débil e incerta em meio a tantas outras mais histéricas. Um alerta sufocado e quase imperceptível. Tarde demais.
- O rumor do mar noturno (outra forma de ouvir): prelúdio sádico e estrondoso para o paciente fim do mundo. Lembrete implacável de que um dia não estaremos mais aqui.
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