Dying Days
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Discos do mês - Outubro de 2012

Fabricio C. Boppré |
Discos do mês - Outubro de 2012

Esse post inicia mais uma série que pretendo ir publicando por aqui, enquanto isso for divertido: mensalmente, uma compilaçãozinha de breves comentários sobre alguns dos discos ouvidos durante as semanas anteriores. Quantidade variável de contemplados, mas imagino que fique sempre entre três e seis. Novos ou velhos, tanto faz; aqueles que me inspiraram a escrever algumas linhas. A idéia surgiu como uma maneira de amenizar minha frustração por não ter mais tempo/disposição para escrever resenhas --- não que alguém se importe, mas eu gostava, e eu ainda sinto vontade de escrevê-las, e vez ou outra ainda anoto idéias que surgem enquanto eu ouço meus discos, mas hoje em dia isso raramente evolui para um texto que possa ser publicado ali na seção de resenhas. Então, enquanto isso não muda, e para não jogar fora essas idéias, acho que um canalzinho bacana para elas pode ser essa compilação mensal. Vamos à primeira edição:

Pink Floyd - Meddle

Meu preferido do Pink Floyd rodou algumas vezes aqui na última semana. Acho que esse disco dificilmente aparece tão bem cotado assim nas listas de preferidos dos floydmaníacos, mas tudo bem. Aliás, nem posso ser considerado membro dessa congregação, pois enquanto um floydmaníaco iniciante faixa-branca tem 50 bootlegs da banda, eu acho que tenho só um. Mas voltando ao disco: adoro a sequência de canções mais simples (e quase todas acústicas) que formam o seu miolo, principalmente a linda A Pillow of Winds. A longa faixa final, Echoes, equilibra magistralmente o lado progressivo/experimental do Pink Floyd (lado esse que no fim das contas nem é tão predominante assim na obra do Floyd, percepção descabida que faz com que muitos deixem passar por suas vidas esta fantástica banda) com belas doses de melodia e mistério --- uma transição entre os sons mais herméticos de Ummagumma e Atom Heart Mother, estes sim discos bem desafiantes, para aqueles soberbos e bastante populares de Wish You Were Here e The Dark Side of the Moon. E não bastasse tudo isso, Meddle tem ainda uma faixa onde Gilmour canta acompanhado por um cão.

Patti Smith - Banga

Comprei a edição especial do novo disco da Patti Smith, e é o tipo de coisa na qual eu ainda invisto dinheiro com gosto. O CD vem encartado em um bonito livrinho de capa dura no qual Smith descreve todo o processo criativo por trás de sua concepção e gravação: as viagens que fez, os sonhos que teve, os livros que leu, as pessoas com quem colaborou, tudo ilustrado por fotos e pelas letras das canções. O disco é bem bacana e mostra uma artista onde, mais do que nunca, as facetas "música", "poetisa" e "escritora" fundiram-se e são poucos distinguíveis. Isso está evidente principalmente no cantar, que em muitos momentos está mais para a declamação de poesia com fundo musical do que para música convencional. A religiosidade de Smith aparece bastante, mas nunca como louvação ou restrição; santos e igrejas são para Smith expressões artísticas e de fé a serem admiradas, objetos de inspiração, e nunca símbolos dogmáticos. É para o homem e para a mulher, criadores de histórias e catedrais --- mas também de guerras e assassinatos --- que Smith canta e dedica sua devoção (ou rebelião, como qualquer um que já viu um show dela sabe) inpiradora. Essa edição traz ainda uma faixa-bônus, Kids, escrita em homenagem ao falecido fotógrafo Robert Mapplethorpe, cuja parceria com Smith quando ambos ainda eram jovens aspirantes a artistas --- quando ainda nem sabiam que tipo de artistas queriam ser --- está descrita no ótimo livro de memórias Just Kids.

Ozzy Osbourne - Ozzmosis

Em 1995, quando Ozzmosis foi lançado, eu já era fanático pelo Black Sabbath, mas não conhecia nada da carreira-solo do Ozzy. Aproveitando a ocasião, resolvi enfim preencher a lacuna e aluguei o disco recém-saído do forno. Cheguei em casa, ouvi o CD e não pude acreditar em como era ruim --- seria possível ser aquele o mesmo cara que canta em obras-primas como Master of Reality e Vol. 4? Mesmo que não fosse a força-criativa do Sabbath, não teria Ozzy aprendido nada? Bem, dando o crédito que ele ainda poderia merecer, aluguei outros dos seus trabalhos solos, mas achei tudo muito ruim, um hard-rock farofa infantil muito indigno de figurar sequer na mesma prateleira onde estão os discos sagrados do Sabbath. Alguns dos discos dos anos 80 pareciam pelo menos não se levarem muito a sério, mas nada me convenceu nem um pouco. Bom, fast-forward para o presente e desde aquele longíquo 1995, quando minha mãe ainda lavava minha roupa, eu não escuto os discos do Ozzy. Mas hoje [quando escrevi esse texto] é Dia das Bruxas, e na hora de escolher o primeiro disco do dia, algo que combinasse com a data (e nada muito sério, pois não era este o meu estado de espírito), me ocorreu que poderia ser curioso voltar a ouvi-los; vai que, passados 17 anos, eu consigo achar alguma graça? Escolhi justamente este disco de 1995, o primeirão que eu ouvi. Catei uma cópia em MP3 e... bem, continuo achando uma porcaria. Assim que acabar a faixa que estou ouvindo --- Denial, que até tem umas guitarras legais, mas é muito pouco --- eu troco pros Misfits, e passo o resto do Dia as Bruxas ouvindo músicas sobre lobisomens e alienígenas.

Godspeed You! Black Emperor - 'Allelujah! Don't Bend! Ascend!

Sobre o fabuloso disco novo do GY!BE eu nem tenho nada para escrever, mas como foi de longe a coisa que eu mais ouvi esse mês, então ele fecha esse textinho.

Comentários:

Sid Costa | 02/11/2012

Eu tenho uma seguinte relação com discos. Alguns são clássicos absolutos, em todas as esferas possíveis. São discos que realmente mudaram alguma coisa depois de seu lançamento. E os clássicos pessoais, são aqueles que me transformaram de alguma maneira. O Meddle é um clássico pessoal. Echoes é sem comentários, mas a dobradinha A Pillow of Winds e Fearless são sobrenaturais e de uma simplicidade desconcertante. Sou Floyd freak, daqueles que vêm virtudes no The Final Cut e no Momentary Lapse of Reason, mas não tenho nenhum bootleg, nem em mp3. Ozzy é uma figura. Tô esperando o que o Sabbath está parindo.

Fabricio | 02/11/2012

Sid, se tu gosta do The Final Cut, então mereces a alcunha de floydmaníaco mesmo não tendo nenhum do bootleg! Já o Momentary Lapse of Reason confesso que também gosto, apesar de preferir o The Division Bell (que adoro, para dizer a verdade). E sabe qual outro menos cotado que eu gosto muito? O Ummagumma.

Vicente | 05/11/2012

Boa iniciativa, Fabricio.

Vou dar minha contribuição para o espaço e colocar alguma coisa em breve. Quem sabe comento algum punhado escutada em outubro?

Em tempo: a reedição de seis discos do MCIS vai cair aqui ou vais fazer um review para ela?

Fabricio | 06/11/2012

Vicente, manda bala!

Sobre o MCIS, não tenho nenhum plano, nem para resenha nem para umas linhas breves aqui no blog... na verdade, nem encomendei o negócio ainda. Estou adiando a falência para dezembro! De todo modo, não espere por mim, caso queiras escrever... podemos escrever ambos sobre os mesmos discos, sem problemas!

Alexandre | 06/11/2012

E algumas linhas sobre o trail of dead e seu lost songs cebuloso, será que rola?

Fabricio | 07/11/2012

Rapaz, não ouvi o novo do Trail of Dead ainda! E nem o novo Neil Young, e nem o novo Pinback... são todos artistas que adoro, mas nenhum faz o tipo de som que venho escutando nos últimas dias (basicamente: Spiritualized, Mogwai, GY!BE, Pink Floyd, Boards of Canada). Mas em breve devo ouvir o novo ToD sim, e daí quem sabe trocamos uma idéia sobre ele...

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