É inverno no sul
Vicente M. |Texto:
Tempos de tirar algumas coisinhas da estante. Ouvi algumas coisas como Red Sparowes e Russian Circles, bandas que numa primeira etapa empolgam, mas na sequência caem num lugar-comum tão corriqueiro no post-rock. Têm seus momentos, é verdade. Dá para escutar sem compromisso.
Bom mesmo foi há pouco. Tava escutando Age Of Innocence, com saudades do meu violão aposentado e lembrei de rodar o Adore depois de um bom tempo sem escutá-lo. Matei a saudade da tristeza bruta de Shame, do desamparo de Crestfallen e das eletronices lindas de Appels + Oranjes. Que venha o invernão.
Comentários:
Tenho enfrentado algo de música clássica. Bem condizente com o clima que também arrefece por aqui. Mas nada de música de realeza ou romântica; meu negócio, não poderia deixar de ser, é mais na seara desafiadora dos contemporâneos como Stranvinsky, Schoenberg, Stockhausen --- não foi à toa que falei de Ligeti aqui dia desses. Com algumas brechas para umas coisas dramáticas tipo Beethoven, pianistas tipo Glenn Gould, Nelson Freire... é duro, mas tem suas recompensas! A dica é alternar com uns Built To Spills e uns Broken Social Scenes, para não enlouquecer [risos].
Ah, e para citar algo que tem um pé no post-rock que tu citou, e também muitas ambições de música clássica, andei ouvindo muito os japas do Mono, que são fantásticos. Já foram promovidos aqui para o mesmo patamar pessoal de apreciação em que estão Mogwai e o Explosions in the Sky.
Um clássico bastante apreciado pelos droneros de plantão é o Penderecki. De alguma forma, drone, música clássica e soundtracks se relacionam, não sei bem como. Acho que de alguma forma esses gêneros apelam a um mesmo setor sensorial de nossos ouvidos. Tipo de música que não comunica diretamente, mas no decorrer de uma longa extensão.
Eu flertei uma época com o Mono, mas não adianta. Post-rock ainda é a tríade GYBE!, Mogwai e o <3EitS<3. Todos os outros ou se encaixam na categoria de bons volantes ou na limitação de jogar na zaga.
E, seria Shame a música mais triste já gravada? Será que o Corgan se deu conta disso quando escolheu aquele ritmo arrastado? E o Iha, quando fez as cordas chorarem com um e-bow?
Penderecki -- anotado! Quanto ao GYBE!, li algo sobre os caras estarem voltando a ativa. Taí uma banda que ainda tenho que ouvir com a devida atenção.
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