Últimas audições: Pearl Jam, Flaming Lips, Mission of Burma, Alice in Chains e Dirty Projectors
Fabricio C. Boppré |Imagem principal:

Crédito(s): Foto por Fabricio Boppré
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Cheguei a pensar que este Backspacer seria o primeiro disco do Pearl Jam que eu não compraria. Acabou que a tradição falou mais alto e eu fiquei 35,00 mangos menos rico. Mas, no próximo disco, bem que eles poderiam ajudar e lançar algo um tantinho mais inspirado, não? Só pra gente não lamentar o dinheirinho tão arduamente ganho e tão facilmente perdido. Pois se tem ali quatro ou cinco músicas que valem 99 centavos, acho que é muito. O Riot Act é um disco bacana, que não te faz pensar no quanto custou, mas o azulzinho aquele do abacate que veio depois e agora este Backspacer me fazem acreditar que os meus próximos investimentos em Pearl Jam vão acontecer somente quando saírem versões especiais de aniversário do Versus, do No Code e do Vitalogy.
Bom mesmo achei este novo disco do Flaming Lips. E olha que nem sou fã da banda, mas ocorreu de eu botar casualmente os ouvidos neste Embryonic e, pasmém, gostei pra caramba. Muito legal mesmo, numa linha mais de loucura psicodélica suja e abafada do que de loucura psicodélica engraçadinha, que é no que eles investem usualmente, e que me afasta frequentemente. Esse mereceria um lugar na prateleira.
Daí tem o novo do Mission of Burma, que é uma banda que só de manifestar intenção de gravar qualquer coisa, eu aviso que já gostei do resultado futuro. Nenhuma música do seu The Sound The Speed The Light colou no córtex ainda, passadas duas ou três audições, mas tenho certeza que é só questão de tempo.
O Alice in Chains novo, alguma curiosidade de ouvir eu tinha, já que gosto do Jerry Cantrell, mas alguma resistência ético-procrastinatória-sentimental me impediu até ontem de fazê-lo. Foi só por confiar na avaliação positiva de um camarada que eu baixei o Black Gives Way to Blue e o botei pra tocar aqui, e de fato o álbum tem seus méritos. Melhor que o do Pearl Jam o negócio é, fácil.
Pra fechar, uma audição instigante: Bitte Orca, do Dirty Projectors. Tambem indicação de um camarada --- não fosse por isso, dificilmente dedicaria algum tempo ao Dirty Projectors, pois tinha plena convicção de que era uma dessas bandinhas na linha de Bloc Party, Franz Ferdinand e Arctic Monkeys, coisas que abomino. Na falta de tempo para se ouvir tudo que é elogiado internet afora, o preconceito é um critério útil de vez em quando, embora nem sempre confiável. Enfim, não gostei do disco inteiro, mas o troço tem alguns ótimos momentos, ótimos e delirantes. E posso estar ficando maluco, ou manifestando sinais precoces de senilidade, mas me parece que os rapazes do Dirty Projectors ouviam bastante Yes, não? O negócio é praticamente um Yes repaginado para as novas gerações, que já nascem com distúrbio de déficit de atenção. Claro, o caldo dos caras tem outros ingredientes, e sugiro fortemente vocês provarem do negócio.
Comentários:
Não escutei nenhum deles, mas a capa do PJ novo é linda. Daria vontade de comprar, se ainda frequentassemos lojas de discos como outrora.
Uma pena que num futuro não muito distante estaremos discutindo não a qualidade do disco lançado, e sim do mp3 disponibilizado! Não deixemos o cd morrer, assim como fizemos com os vinis!
Vicente, eu não achei a capinha do PJ grande coisa não... Talvez a habilidade do fotógrafo na foto aí em cima tenha te ludibriado um pouco [risos].
José Victor, acho que se o CD tiver que morrer, ele vai morrer... Quem define isso é a lei da oferta e da demanda [risos]. Falando sério, acho que essas coisas não morrem, não. Ou talvez, morra somente quando morrer o último que goste. E há bastante gente que gosta, portanto, a coisa ainda deve sobreviver um bom tempo, nem que seja limitada a nichos, como é o vinil hoje em dia.
Já discutimos dezenas de vezes esse assunto e a cada nova abordagem, os formatos físicos mostram-se com os dias ainda mais contados. É irreversível. Como citou o Fabricio, o CD vai virar nicho, pois mudou a visão de se "possuir" música. Não é que as pessoas não queiram pagar pela música (tá, elas gostam de coisas grátis, lógico) mas elas não vêem mais valor em se ter dentro de casa um objeto que produz música. Ocupa muito espaço, custa caro para comprar e transportar, tem que limpar, não tem para onde desovar quando não se quer mais... É o virtual vs. o físico. Eu até já iria mais longe e afirmaria que os CDs e DVDs já viraram nicho no mundo todo. A massa que comprava até os anos 90 CDs não compra mais. Quem valoriza e acredita nos formatos só tem uma alternativa: prestigiar os lançamentos que lhe interessam e seguir comprando, pois assim o nicho não morre também.
Sério que eu gostei da capa do PJ. E é uma bela foto mesmo!
Morrer não morre, realmente, mas serão uns zumbis bem caros hein?! hehehe
Capa de disco que achei bacana é do Dirty Projectors(e o disco tb achei bem legalzin).
O que me preocupa não é o fim do cd "físico", mas sim o fim do conceito de álbum. Gosto de ver como foram distribuidas as musicas em um disco, porém vejo que em um futuro nao muito distante grande parte dos artistas irão lançar musicas "soltas" para download. Isso nao seria bom.
O CD do arctic monkeys nem é ruim não, melhoraram um bocado!
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